sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Pensar com os corações suspirantes

Lógica emocional alem da conta

Oceano de razões

Poço fundo de modéstia

Reprimenda interna

Sensibilidade extrema

Medo do nada

Compulsão por viver o absoluto

Horizontes desvirginados

Emoções maculadas

Orgulhos em sangue

Metade de mim em ti

Metade de ti ao meu lado

Metade da gente fora de alcance

Perturbação das ondas funestas da razão poluente

Contemplação das muralhas emocionais do amor construtivo

Alicerces de edificação

Alcançar o intocável

Agarrar a imaginação

E finalmente

Nascer livre.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sísifo

Vicent Van Gogh



Da primeira vez que ouvi teu nome
Não te amei como se amam as rosas do campo
Foste caindo em pétala feito chuva
Encharcando agora como luva a verde relva

Hoje, amada, teu nome é um perfume
Que derrama lume em meu caminho torto
Nele, ladrilhei pedrinhas de brilhante
No mesmo instante em que meu peito caiu morto

És minha lira,
Corro atrás de ti como num sonho
Num vai e vem que se desfaz a todo instante
Que retorce o peito em vasto e negro túnel
Ou mesmo em calda de estrela cintilante

Assim és porque és a um só tempo
Luz e escuridão,
Meu torpor e meu tormento
(A hora é preciosa, minha amiga!)
Escuta meu lamento!

Mas foges de mim assim
Como de Deus eu mesmo vou fugindo
(E é só por isso que na escuridão te encontro)
E nela vou te seguindo
A escuridão, esta íntima amiga
Parte teu rosto em pó e fio brilhante
Vou bebendo tua ausência inebriado
Mas basta ver-te e tudo recomeça...
Já és para mim a brisa da fontana
Tenha pressa!

Teu corpo é meu refúgio e meu abrigo
Tua loucura minha angústia e minha calma
Quero pintar girassóis para teus olhos
E de perfumes encharcar a tua alma

Ah querida amiga! Não perguntes se desejas
Já desistimos nesta vida ter verdade
Já desistimos nesta vida ter certezas
Ah meu amor, você já pode se afobar
Não existem futuros amantes
Nem amor que não seja para já
A dúvida é uma uva que encosto
Lentamente em tua boca
Minha louca! Minha amiga!

Esconjuro eu que não te amava
E nem beleza em ti então havia
Quero contar como cheguei a ver-te
Ou não ver-te como te vi um dia
Tu és o último dia da criação,
Que só neste instante fez sentido
Contemplo-te agora debaixo da árvore de sombra fresca
Desmentido.

Qual o quê, minha amiga?
Nosso amor é uma tarde clara,
A brisa em espiral e ousadia
Nosso amor é pôr-do-sol, amada!
Recolhas o arrebol desses teus olhos
O laranja que contemplas deslumbrada
Tudo por querer-te amor amor
E por não querer e querer-te enfim
Minha amiga, minha namorada!

Quero te amar, assim, em silêncio
Num momento calmo, fazer loucuras de amor contigo
Quero estar sempre e sempre ao teu lado
Quero ser teu refúgio e teu abrigo

Quero sentir teu beijo, fazer amor sorrindo
Quero ser teu amante e teu amigo
Nosso amor nasceu da mais profunda comunhão da alma
Se sou para ti e és para mim, minha amiga...
Não tenha mais calma!

Apressa-te! Venha comigo
Quero mostrar-te o quanto a vida é bela
Quero vazar em lágrimas tuas mãos
E ser pro coração tua janela

Depressa, teu pai já acordou
Vem com o teu amor!
Ele mesmo sorriu quando te viu contente
A sombra das nossas mãos que se tocaram
Nossos olhos que brilharam de repente.

Já não há o que temer
Nem sofrer de tanta espera
Mesmo que não ame te amando
Mesmo que te ame de tão bela.


David
14/12/2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Formai


O forme pelo amor à forma
A forma pelo amor à fôrma
Aforme para amoformar
Fórmico a formentrar
Formante a esformear

Disforme é o amor
Diz forma é poetar

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Acorde!



O melhor detalhe é o que não se nota
Nota tarde ou o quanto antes
Pois de notas faz-se acorde
Então acorde e tome nota
Do relevante que ninguém nota
Muito menos conta
Por buscarem sem cota lá fora
Sempre a maior nota

Lá, se a nota é baixa, não se paga a conta
Mas aqui dentro, nesse peito, do lado esquerdo
Há uma bomba com defeito
Que descarta a nota exigda lá fora
E nem cobra a conta
Apenas chora
E tenta, de nota em nota
Construir o acorde que só ouve quem acorda

Dificil é ouvir, pois acordar e tomar nota de cada nota
A cada dia, a cada hora
A cada apelo de um coração que chora
Como o meu

Fácil é ver que dificil é compreender o meu cantar
Posto que esse cantar
Que também é contar
Segue o tom do meu acorde