segunda-feira, 24 de junho de 2013

REVOLTA SEM PARTIDO E O NIILISMO


um breve ensaio

  “Sem partido! Sem partido!”: eis um dos mais noticiados (http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/06/sem-partido-grita-a-multidao-a-espera-dos-protestos-em-sao-paulo-4172634.html) pela imprensa nacional urros de ordem clamados pelas multidões no segundo dia de manifestação na cidade de São Paulo. Alguém teve a coragem de tirar do baú, soprar a poeira, levar de baixo do braço e finalmente levantar em meio ao povo uma pequena bandeira vermelha do velho Partido Comunista Brasileiro (PCB). Resultado: retaliação, desqualificação. Um pequeno grupo de partidários do PSTU também levantou sua bandeira e clamou palavras de ordem de seu partido. Resultado: tais clamores foram humilhantemente abafados pelas vozes muito mais poderosas da grande maioria apartidária. Casos símiles ocorreram no Rio de Janeiro e em outras capitais. De tudo o que houve até então, esta parte do protesto foi, de longe, a que mais chamou a minha atenção. Por quê?
            Protestos, passeatas, quebra-quebra, revoltas, pessoas nas ruas: tais coisas, a história do mundo já conhece tanto que até mesmo a história do Brasil, este país tão “pacífico” e “despolitizado”, também já experimentou. Porém, tudo isso (protestos, passeatas, quebra-quebra, revoltas, pessoas nas ruas) conjugado a um concomitante apartidarismo generalizado, isto parece ser a novidade. Não sei se estou enganado, mas, esta concomitância nunca foi vista na história do Brasil.
“Agente já tá cansado dessas politicagens de partidos. Estamos aqui todos juntos por uma causa só: por esses vinte centavos a menos e ponto!”: logo após a exibição das imagens do “Sem partido” e da pobre bandeira do PCB vaiada, foi esta a fala, na rua de uma São Paulo ainda no mesmo segundo dia de protesto, de uma bonita estudante de rosto pintado (esta não dava aparências de pertencer às classes D ou E, mas, no mínimo, à C, à classe média) ante às câmeras da Rede Globo.
Algumas horas depois, já à noite, quando eu acompanhava pela internet os noticiários sobre os violentos confrontos ocorridos no centro do Rio de Janeiro (em frente à ALERJ), já começavam a pulular as primeiras notícias sobre as mais variadas e abrangentes reivindicações que contradiziam absolutamente àquela primeira - pretensamente mais objetiva e pragmática - declarada pela bela jovem de rosto pintado. Estas novas reivindicações podem sintetizar-se na seguinte máxima: “queremos muito mais do que estes simplórios vinte centavos!”. Ao ir paulatinamente lendo que as pautas eram das mais diversas, que complexamente se ampliavam descontroladamente para além dos “míseros” vinte centavos, imediatamente pensei (muitos de vocês talvez tenham pensado também): “é claro que não são meros vinte centavos que estão em jogo; é claro que o aumento desta tarifa de transporte significou nada menos que uma perigosa cutucada em um mostro há muito tempo adormecido e que estava prestes a acordar”.
E acordou. Porém, sem partido. Isto porque, por outro lado, estão todos cansados de partidos, não é verdade? Falar em partidos, em política, já causa fadiga – ou pelo menos fadigava até esta tão revitalizadora onda* recém-chegada - à maioria de vocês, não é(era) assim? Ninguém aguenta mais à calamidade pública em todos os campos de direito e, ao mesmo tempo, todos parecem estar terrivelmente desacreditados de partidos.
A minha hipótese é a de que todos estão desacreditados de partidos porque, no plano das ideias, todos estão igualmente desacreditados de fundamentos. Esta mania de procurar o fundamento do agir humano – em última análise, de perseguir obsessivamente a Verdade - já parece revestir-se de uma vetusta aura de séculos XIX e XX (águas passadas). Sim, me desculpem os filósofos e teóricos sociais conceitualmente rigorosos de plantão (não é errado ser conceitualmente rigoroso – portanto, se acharem que for o caso, podem tomar-me aqui como um petulante descuidado com os conceitos), estou falando dos cogitos, dos imperativos categóricos, dos Contratos Sociais, das teorias liberais das auto regulações da economia (mediante a oferta e a procura), dos materialismos históricos dialéticos, das mais valias cientificamente iluminadas pelas luzes, etc. Enfim, me refiro aos projetos científico-filosóficos que normatizam o que o homem seria ou e deveria ser a partir de uma espécie de peso incontestável da razão.
De algum modo, os urros “Sem partido!” me soam como a culminação mais loquaz e inequívoca de um paradoxo bastante específico do nosso tempo (a dita pós-modernidade): o niilismo[1] sendo a própria palavra de ordem da revolta política (“Sem partido!”)! Como isto pode ser inteligível? Isto, por ser uma contradição em termos, embaraça o próprio pensamento (este que se constitui de gramática e esta, por sua vez, de lógica). Uma das semânticas mais habituais da palavra “partido” – tal semântica não é a única (existindo outras, inclusive, que podem até mesmo contradizer esta que trago) - é clara: alguém tem um partido, parte de algum lugar, tem uma referência da qual está do lado, na qual, evidentemente, acredita, se investe ideologicamente; “este é o meu partido!”; “ esta é a minha verdade!: a do meu partido”. Ora, quem compõe um partido* na política, evidentemente que não está satisfeito com o que vê e organiza juntamente àqueles de ideais semelhantes um novo projeto para a sua sociedade, diferente daquele estabelecido. E na modernidade – refiro-me aos tempos políticos que sucederam à Revolução Francesa – passamos ainda a ter mais uma – e ainda mais pretensiosa - mania: a de pretender fundar qualquer nova ordem social numa teoria; a saber: em uma racionalidade metafísica.
No entanto, é justamente a propósito desta pretensão mesma que, cada dia mais as pessoas hoje vêm se tornando desacreditadas (mesmo que digam isto a si mesmas desinstrumentalizadas deste vocabulário próprio à tradição filosófica). Deste modo, estamos diante de uma, antes nunca vista com tanta clareza, curiosíssima espécie de limbo niilista: as pautas de reivindicação se ampliaram dos vinte centavos à generalidade das nossas profundas, históricas e estruturais (em nosso país) mazelas políticas e econômicas, porém, ao mesmo tempo, ninguém tem partido (em outras palavras: ninguém possui um paradigma teórico, um programa ideológico para o Brasil).
Vou tomar emprestada uma genial ideia de Camus (2010, [1951])[2] – a de que “(...) a afirmação implícita em todo o ato de revolta estende-se a algo que transcende ao individuo, na medida em que o retira de sua suposta solidão, fornecendo-lhe uma razão para agir” (p. 28) – para lançar a vocês uma pergunta: como revoltar-se sem tomar partido de nada, de nenhum novo projeto para colocar no lugar? Se nós queremos modificar estruturalmente tantas coisas, não precisaríamos saber o que propor?
Tenho lido por aqui proposições consideravelmente perigosas – em minha opinião, até irresponsáveis – tais como "vamos parar o país e se não resolver vamos ter que demitir cada vereador, deputado, senador, prefeito, governador, e se for preciso, a presidente"; ou “o Brasil vai parar. Vamos mostrar ao governo que quem faz um país é o povo, e não os políticos. Unidos podemos fazer esse país mudar. Ou o governo nos respeita, ou paramos de jogar”. Não vejo muita inteligência nessas declarações. O modelo político de nossa sociedade já é aquela segundo a qual a soberania deve ser do povo. Essas pessoas estão com uma insatisfação transbordando muito justificadamente em seus corações e com uma vontade de fazer algo que é muito nobre, mas, se não pararmos agora para estudar quais são as pautas possíveis e realmente a quem devem ser destinadas (não creio que seja somente, na porta dos governos, à política parlamentar – a esta também, é claro), vamos agir sem saber por que. “Ou o governo nos respeita ou paramos de jogar!”. Como é que se para de jogar? Alguém já viu as linhas de forças, as estratégias do Poder “pararem de jogar”? Desestabilizar generalizadamente sem parcimônia todas as instituições políticas do país nesse caça às bruxas pode ser ruim por diversos motivos que precisaríamos de outro texto pra analisa-los.
Posicionar-se, sem partido (gostaria que pensassem nesta palavra – “partido” – em um sentido mais amplo do que simplesmente PT, PSDB, PMDB, PPS, etc.; começar pela etimologia pode ser profícuo nesse caso), simplesmente “em prol do Brasil” não é um pouco vago?
O século XX, como aponta Hobsbawm (2005), foi o século dos grandes projetos políticos pretensamente fundados em modelos de racionalidade e que foram levados à extremos nas sociedades ocidentais (industriais e não industriais): partidos socialistas, partidos comunistas, partidos nazistas, partidos fascistas, partidos liberais (Estado mínimo), partidos liberais do bem estar social (Estado médio), partidos católicos, partidos socialistas-católicos, etc. Em todos estes algo em comum: a idealização de um grande Bem, de uma grande causa para ser militada. Mas, não militada de modo abrangente e vago, e sim para ser militada a partir de uma profunda crença em algum referencial explicativo sobre a realidade. Quanto às consequências que conhecemos destas águas que parecem estar passando: grandes guerras, início de um veloz desenvolvimento tecnológico; e, mais tarde, ditaduras, um mundo polarizado, mais desenvolvimento tecnológico, uma “guerra fria” e uma política, após um suposto triunfo de um dos polos, amansando-se, em linhas gerais, em regimes liberais, ditos democráticos e de política representativa.
Mas, a propósito, falando em “idealização de um grande Bem”, peço licença para viajar um pouco mais alto nas ideias sobre as revoltas e lembrar algumas observações de Freud. Este (1976 [1921]), em seu interessante trabalho Psicologia das massas e análise do Eu, afirma que Gustav Le Bon descrevera muito acertadamente quais seriam as principais características comportamentais que assumem das massas de indivíduos quando reunidas (sendo tais características, dentre algumas outras, o rebaixamento das faculdades racionais civilizadas e também da capacidade de análise lógica da coerência das proposições, pareado ao aumento/emergência inversamente proporcional das tendências a agir afetada e impulsivamente seguindo o calor das sugestões de frases feitas, dos lideres e de outros estimulantes simplórios). Porém, quanto a explicar o que, que força seria esta capaz de manter unidas, num laço fraterno, as massas - para além de descrever os padrões de comportamento dessas – o autor declara com todas as letras que “Le Bom não responde a esta questão” (p. 96).
Freud (1976 [1921]) então, pretendendo responder ele mesmo que percuciente força seria esta que manteria as massas unidas – em “estado hipnótico” (p. 99) – tal como grandes repentinos irmãos, afirma - tendo por base todo o seu referencial psicanalítico em pano de fundo (dentro do qual, deve-se aqui lembrar que “o pai é o que gostaríamos de ser” [p. 134]) - que os processos de identificação com a figura de um líder seria a misteriosa força unificadora que Le Bom desconhecera. O líder, figura que reunindo em si caracteres seguramente amparadores e afirmativos, seria aquele que teria a facilidade de - assumindo a função substituta, para cada individuo, do que outrora fora um pai - ser altamente investido libdinalmente dos ideais do eu de tais indivíduos[3]; lembrando-se ainda de quais Freud ressalta serem as três principais características das identificações:
(...) primeiro, a identificação constitui a forma original de laço emocional com um objeto; segundo, de maneira regressiva, ela se torna sucedâneo para uma vinculação de objeto libidinal, por assim dizer, por meio da introjeção de um objeto no ego; e terceiro, pode surgir com qualquer nova percepção de uma qualidade comum partilhada com alguma outra pessoa que não é objeto do instinto sexual (p. 136).
Tendo isto em vista e, para concluir com o que eu gostaria de trazer acerca das observações freudianas profícuas à nossa presente reflexão política, eis o há de mais útil e interessante naquelas (finalizarei articulando-as ao nosso tempo presente):
Ao mesmo tempo desta devoção do ego ao objeto, a qual não pode mais ser distinguida de uma devoção sublimada a uma ideia abstrata, as funções atribuídas ao ideal do ego deixam inteiramente de funcionar. A critica exercida por esta instância silencia; tudo o que o objeto faz e pede é correto e inocente. A consciência não se aplica a nada que seja feito por amor do objeto; na cegueira do amor, a falta de piedade é levada até o diapasão do crime. A situação total pode ser inteiramente resumida numa fórmula: o objeto foi colocado no lugar do ideal do ego. (p. 143, 144).
Nesta interessante passagem, constatamos, primeiramente, a afirmação de que a devoção que o eu teria por um objeto narcsicamente identificado “não pode mais ser distinguida” da devoção que este mesmo eu pode acabar tendo também por uma “ideia abstrata”. Ora, tudo que acabamos de ler Freud declarar a propósito dos processos de devoção de um eu por alguém de carne e osso está, também poderia ser aplicado aos projetos de fundamentos (os fundamentalismos entram em cena como atraentes aos Eus vagantes pelo mundo): dentre muitas outras ideias abstratas que poderíamos pensar – Freud, no mesmo texto, reflete sobre as igrejas e os exércitos – evidentemente que podemos incluir os partidos políticos.
Uma segunda curiosa afirmação presente citação é a de que na cegueira do amor que estaria em jogo na idealização de um elevado Bem (amado) – tal Bem pode ser “uma ideia abstrata”, não percamos isto de vista – os indivíduos poderiam ser levados “até o diapasão do crime”. Novo paradoxo: aquela pessoa ou ideia abstrata que significaria à um individuo a própria personificação ou síntese de um desempenho cultural ótimo, perfeito, poderia conduzi-lo ao próprio reverso deste afã: ao crime. Crimes em nome do Bem: a primeira coisa que isto me lembra é o agueiro Dostoievsky que, ainda no final do século XIX, pressagiara algo de uma realidade política póstuma ao lançar aos seus leitores o difícil dilema de seu Raskolnikóv. Em seguida, lembro-me mesmo do que foi o próprio século XX, tal como ilustra Hobsbawm.
Mas, ao nos depararmos, agora no século XXI, com um grito de guerra que exclama “Sem partidos!” nas ruas de São Paulo, penso que algo no discurso de Freud precise ser atualizado (ou repensado em face às novas contingencias): se as pessoas estão revoltadas contra tudo sem, em contra partida, tomar partido de nada, que objeto (pessoa ou ideia abstrata) há agora, em nossa atualidade, para ser identificado (quero dizer: investido libidinalmente nos processos de identificação)? Não há objeto; e as manifestações em nossas ruas mostraram que já não há da forma mais escancarada possível. Será possível começarmos a pensar e fazer a política assim? 
Não me é estranho observar que nas sociedades dos nossos tempos (nas grandes metrópoles brasileiras, por exemplo) - que, por pressuporem-se emancipadas de todos os projetos morais de tempos passados (aqueles marcados pela disciplina e rigidez dos padrões "civilizados" de conduta), se dizem tão cosmopolitas, globalizadas e avançadas quanto à convivência e respeito às diversidades – tenham pululado com incrível força os fundamentalismos religiosos (igrejas evangélicas neopentecostais, Assembleias de Deus), os arrastões racistas quase “inexplicáveis” dos Skinheads e dos ditos Neo-nazistas em São Paulo (noticiados com frequência), as grosseiras tentativas de patologização ou criminalização das diversas formas de minorias (os homossexuais e os usuários de drogas, por exemplo). Esses grupos estão desesperadamente unidos, ouso interpretar, por alguma força psíquica cuja uma das características comuns é o perigoso - porém estruturante (sim, parece este ser um dos únicos modos de estruturação possível em face à fragilidade destas subjetividades, infelizmente) - fanatismo por algo (um objeto, uma ideia) pareado à intolerância e às manifestações de ódio para com o outro. Estas organizações – evidentemente que não posso referir-me à generalidade delas, mas apenas àquelas que exageram (que não são poucas, crescem) - não parecem ser compostas por sujeitos pouco vulneráveis a idealizar objetos e, em nome de suas idealizações, chegar ou pelo menos aproximar-se do diapasão do crime. 
Com efeito, deixemos no ar a seguinte difícil questão: seremos mesmo capazes de, de algum modo - como temos gritado apartidariamente em nossas ruas -, afirmarmo-nos politicamente na ausência de objetos? O que dizer sobre esta surpresa que estamos vivenciando aqui no Brasil nesses últimos dias?
 Elaborar algo consistente ainda é difícil, pois estamos no pleno olho de um furacão; de um furacão cuja genealogia só poderá ser feita, em sua descritividade, com um mínimo de distanciamento histórico. Por enquanto, minha contribuição, contudo, à nossa conjunta reflexão – esse apartidarismo generalizado me aturdiu -, será finalizada com uma provocação que já foi escrita há sessenta e dois anos atrás:
Qualquer filosofia da não-significação – “Sem partido!”[4] – vive uma contradição pelo próprio fato de se exprimir. Com isso, ela confere um mínimo de coerência a incoerência, achando sentido naquilo que provavelmente não tem nexo. Falar repara. A única atitude coerente baseada na não significação seria o silêncio, se o silêncio, por sua vez, não tivesse o seu significado. A absurdidade perfeita tenta ser muda. Se ela fala, é porque se compraz ou, como veremos, porque se julga provisória. (...) “São meus inimigos”, diz Nietzsche, “que desejam destruir, não criarem a si próprios”. (CAMUS, 2010 [1951], p. 19).
             


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMUS, A. (1951). L’homme révolté. Paris: Éditions Gallimard, 2010.
FREUD, S. (1921). Psicologia de grupo e a análise do ego. In: Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freudvol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
HOBSBANWM, E. J. Era dos Extremos: o breve século XX. Ed. Companhia das letras. São Paulo, 2005.
MACHADO, R. Nietzsche e a Verdade. Rio de Janeiro: Graal, 2002.



ps.: obrigado à Mayumi Fujishima pela fecunda conversa que contribuiu para a produção deste ensaio.


[1] Que descende, em latim, de niihil; o que significa nulidade. (MACHADO, 2002).
[2] Tradução minha.
[3] Para facilitar a compreensão àqueles não familiarizados com os conceitos freudianos: “ser altamente investido libdinalmente dos ideais do eu dos mesmos” é igual a, simplesmente, “ser altamente amado pelo mesmo”. Porém, neste caso, “amado” de um modo específico. “Amado”, primeiramente, significa ser investido (desejado) sexualmente mesmo. Porém, nos processos de identificação, “o objeto em si mesmo é renunciado” (p. 137) do ponto de vista do investimento sexual. É renunciado porque, nas identificações, ao invés de ser tomado como objeto sexual, este objeto seria introjetado no próprio Eu.

[4] Inserção minha.