segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

FORJA DE UM SENTIMENTO SEM NOME


“Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para tentar entendê-las (...).”



Que desejos inauditos repousam nas cores
difusas de uma aurora efêmera?

O que se oculta no roçar sutil do dourado nas nuvens?
Qual o gosto do vermelho solvido nos mares?
Por quem flamula a rosa nas areias?
O que vive no laranja soprado pelo vento?

Neste caos sinestésico
- e nada sutil -
habita um sentimento sem nome,
forjado da mesma matéria que é feita a aurora:
dúvidas, sóis e corpos.


Desejos, ainda que inefáveis, gritam
auroras são eternas.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Segredo

K(ai!) olhos e encostos
Cá (ando) e apertando e dando
Ás rubro de agosto
(Talvez te procurando...)

Por ais de mãos no rosto
K(ai!ei!) as horas me olhando
Na rua oculta de opostos
(Talvez te esperando...)

De tanto e por tudo e por mais
Cal(ei!) de jambos e dores
Em cruzes de espera e de sais

Por que me perderam as flores,
Nos jardins dos se cal(ais!)?
(Porque não sei chorar de amores...).

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Partida


Partiste sem dor

Com teus olhos deixando os meus

Sem pensar na ida

Ansiando pelo retorno


E a lua se pôs com a tua partida

Dando lugar a um sol de possibilidades

Desestabilizando toda angústia

Desconstruindo toda a lógica medíocre

Reformulando distância em saudade

Toda dor em vontade


És a morfina do mundo

Amenizando ou curando

Tudo que possa dar fim


Nada em ti ou em mim se finda

O nosso olhar silencioso

Grita e quebra os copos da solidão

Faz escuridão em companhia

Dando luz ao janeiro frio


Clarificas as palavras

Que parecem se complicar

E ter as mãos geladas

Ao tentar te explicar


És ser sem explicação

Que se vive em plenitude

Na constância do dinâmico

E na beleza do sensato


O final do teu tempo

Foi o início do próprio tempo em si

Foi o relógio que começou a correr

De forma tradicional

Sem hora pra parar

Sem contagem a fazer

Só mesmo dando ritmo a nós dois


As dúvidas padecem com a tua presença

Estremecem ao ouvir tua voz


Trazes a baixo a fortaleza

Do que se conhece por separação


A tua presença é vivida e vivificante

Como a primeira respiração consciente da manhã

Como o teu perfume

Ressuscitando o que se parecia perdido


Partiste me deixando a esperança pendurada no peito

Em um círculo formado

Como o que se formou

Sem início nem fim

Composto só por um percurso infindável de possibilidades

Onde o seu fim

Nada mais é do que o prelúdio do recomeço.