Sou advindo das coisas sem lógica
De coisas que nem as letras querem explicar
Sou filho das imagens sem forma
Sem sentido e sem coerência
Participo das vida como algo que não existe
Como algo que só plana
Que só recolhe o que ninguém quer
E só acolhe o que o quer
Não quero desenhos
Nem gosto das pinturas
Prefiro os rabiscos das crianças envolvidas em sua inspiração
Os traços mal feitos que expressam o seu sentir
Sim,
Eu sou algo alheio ao redondo do mundo
Algo apartado das colunas da vida
Ou de qualquer outra forma que queira ser imposta
Mas reformulo-me nas formas do querer
Do querer por querer
Sem saber nenhum porquê
Prefiro ser filho das coisas mortas
Das coisas que já perderam a vida
Ao ser herdeiro das coisas que vivem por algum sentido
Prefiro repousar na tumba dos que não se perguntam
Do que estar em meio a tantas interrogações
Viver assim me dá amor
Me dá o teu amor
Um amor que se basta em si mesmo
Que não questiona a sua forma
Que não mede o seu infinito
Que não soma nem multiplica
Mas que já existe na proporção máxima do sentir.