Quando fui a Londres fazer intercâmbio no primeiro semestre desse ano, tive a grandiosa oportunidade de poder conferir no Southbank Centre os concertos quarto e quinto de Brandenburgo de Bach e as sinfonias sétima e nona de Beethoven, nessas músicas tudo está expresso, as imagens perfeitamente plásticas nos concertos de Bach, e não menos diferente do alemão do período Clássico, contudo, acrescentando que a nona sinfonia é o misto perfeito e continuo da dualidade que rege as nossas vidas como a felicidade a tristeza o amor o desamor a guerra a paz, e nada mais podemos fazer do que nos vangloriar da nossa humanidade por estes homens, como partícipes da mesma espécie dos que nos possibilitaram a redenção por meio de sons que ultrapassam a cada nova visita esta realidade material nos oferecendo e nos guiando quanto o significado de nossas vidas. Nelas, não há nem tanta desgraça quanto em um desvairado Stravinsky quanto moleza passiva de um Wagner segundo a interpretação de Nietzsche, que concordo. A presença de desgraça exacerbada é um dos pontos referencias quanto a qualificação de uma arte em boa ou ruim, não há meio-termos quando o artista ao invés de nos oferecer o Transcendente, que impõe, não há outras palavra melhores, respeito e beatitude, nos oferece gritando como uma criança perdida na praia todas as suas dores, como se elas fossem as nossas, mais, como se Arte devesse tratar tão abertamente disso, devemos dizer-lhe que isso não é Arte, é a sua subjetividade e não há nada de objetivo nisso. Pois bem, contrapondo a isso, fui, em outro dia, no Queen Elizabeth Hall, um dos anexos do Southbank, conferir um dos mais “reconhecidos” músicos da cena erudita britânica contemporânea. Sentei, peguei o meu lugar, esperei alguns minutos, li alguma coisa de T. S. Eliot, e, adentra o tão aclamado músico... Deveria continuar a ler Eliot... Começa e logo no início já sei que tudo o que ele tem a me oferecer são as suas dores subjetivas, não há imagens bem feitas, há a materialidade exacerbada, há o Infinito sem ponto de apoio na vida que é refletido a cada segundo em sua música, ou o que ele chama disso, há o individualismo, surtos de grandezas e logo em seguida mostra-se nu em toda a sua vileza, há ele, o artista crendo ser maior do que a sua arte, em suma, não tem nenhum profundo respeito pelo que se faz e muito menos quantidade alguma de autocrítica. Em um paralelo, enquanto ao escutar Beethoven penso que o homem tem força espiritual para fazer o que ele fez em um ou dois instrumentos caso só estes fossem o existente e que fora um extremamente confiante em decorrência do saber da grandiosa força vital de sua arte, tal como no filme homônimo é mostrado, nesse outro sujeito que se diz músico pode-se dar a ele um milhão e meio de instrumentos que vai se ver perdido do mesmo jeito, e, ademais, se caso um dia venha a ler essas linhas trancar-se-á em seu mundinho subjetivo dizendo a plenos pulmões que “os críticos são todos invejosos”... O bem da verdade é que, tal famoso músico consegue tão-só nos oferecer esse monte de merda que poderia ser resolvido com mais idas ao seu psicanalista. A grande força criativa está na alma aberta ao Espírito, não no papel, não nos instrumentos musicais, muito menos no divã.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
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