quinta-feira, 7 de abril de 2011

Diário de uma guerra

Eu estou postando algumas coisas em um blog particular, o http://www.machepapel.blogspot.com . Se alguém tiver interesse, deixo o aviso. Aqui vai a crônica.

Estava na penumbra. Evitava qualquer movimento; não podia ser visto. O medo me tentava, mas minhas ordens não permitiam que eu recuasse . Espreitava o jogo de sombras que podia revelar nosso inimigo. O local da batalha já mostrava que iríamos até o fim; o ambiente desfigurado e alguns corpos se retorcendo, tentando viver. Felizmente só via corpos inimigos. Mas não estava confiante.

Minhas pernas tremiam – sabia que só teria uma chance de sair vitoriso; meu movimento deveria ser preciso. De súbito ouvi um barulho, um ruído muito baixo, mas o suficiente para deixar em alerta ouvidos treinados. Vinham três, com o corpo fortemente protegido. Não havia brecha para erro, então eu aguardava cauteloso – em algum momento teriam que vacilar.

Continuaram andando, patrulhando em busca do inimigo; o resto do exército dependia da proteção destas. Quando passaram perto de mim e se entreolharam, de súbito percebi que já haviam me descoberto. Era uma armadilha, já sabiam de mim. Como tentavam me enganar, não empunharam rápido o suficiente as armas, então aproveitei e disparei, deixando um corpo no chão. O resto recuou, mas não costumo brincar em serviço: rápido acertei o que restava e então cumpri minha missão – enfraqueci a segurança. Depois saí do campo de batalha

Já em ambiente seguro, liguei para a liderança. Ninguém atendeu. Então voltei para casa, felizmente sem risco algum. Dormi com a consciência tranquila; achava até que poderia ganhar uma condecoração pelo serviço tão bem feito. Quando acordei esperava os melhores tratamentos possíveis – engano meu; apenas recebi a missão de enterrar as três vítimas da noite anterior. Depois de um dia de glórias, nada poderia ser mais degradante. Entretanto me resignei e deixei minha honra de lado. Peguei a pá e a vassoura e joguei as baratas no lixo. Estas foram adversárias fracas para mim. Mas a guerra continua – toda noite.

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