quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sem título



Encostei meus ouvidos nas faces do rio.
Tocando o barulho das pedras que jogaste na noite
Tateei tua presença, imerso nas águas
Buscando, insano, teu beijo partido.

Por que me enganas com o vão desses teus olhos
E me cravas o peito com o não da tua boca?
Por que me cultivas em silêncio lento
Evaporando-te logo ao calor do medo?

Já não me inspira mais teu desespero
Não serás minha musa até o instante do beijo
Meu corpo insano já canta pela noite
Vem um sorriso conduzir-me à dança

Nau de pedra cortando o vento
Perfura, formula paisagem
A geometria do meu canto alado
Voa, levantando tua saia

Quero reter com as mãos teu canto etéreo
É no silêncio que te tenho lenta
Meu sussurro chega então aos teus ouvidos
Ficas inquieta. Ainda não começará a vida.


David Carneiro 01-06-10

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