(um poema inspirado nas idéias de Jaques Lacan)
A palavra não vem
Nunca vem
Renitem em emergir em resquícios quando o acaso convém
No banho
No trono
No sono
No sonho
Só vem o espanto
De sentir que o vivido de cada âmago
É ao papel
Como o céu é para cada estrela
Poesia... imitação
Papel... uma prisão
Que disciplina e acalenta o inominável
Tentando enfeitar a precária palavra
A palavra não vem
Quando vem, já não é a coisa mesma
Está disfarçada
Emana beleza
É válida
Induz alegria, melancolia, tristeza
Embebeda e sublima a mente abita
A palavra não vem
O papel suprime a essência
O labor a lapida e a deixa enfeitada
Obriga-lhe a assumir sua prudência
Mas provem de lugar inexplorado
Inabitado
Onde nada se explica
É inexplicável
... Dentro de nós
A palavra não vem
É melhor não vir
Às vezes também
E só deixar, do vivido, o resquício advir
Para que cause o espanto esquecido de alguém
De quem o sorriso ou o pranto falarão por si
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Muito bom meu amigo, "sem palavras".
ResponderExcluirFelipé, bendita seja a ausencia da palavra que te causou essa belíssima prosa poética.
ResponderExcluirImagino quando ela se fizer presente...
Um abraço
Muito bom!
ResponderExcluirO mais curioso - e talvêz até irônico - de tudo é que quando escrevi esse poema (18 anos), ainda não entendia muita coisa sobre o Lacan.
ResponderExcluir