sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Minuto de Silêncio

Antes de mais nada acredito que cumpre-me agradecer o convite que me fora enviado pelo grande amigo Ricardo Evandro que, a meu pedido, incluiu-me no rol dos colaboradores deste blog.
Gostaria de deixar claro aos amigos e leitores que não esperem de mim atuações tão brilhantes quanto a dos colegas que aqui também postam. Tentarei cumprir minha parte, somando esforços aos dos companheiros no intuito de compártilhar idéias e artes que por sua natureza devem servir como instrumento de edificação do homem.
Desde já, gostaria de explicitar a minha incontrolável vontade de demonstrar o quão agradecido estou em poder compartilhar este espaço com pessoas as quais eu tanto admiro. Pelo que, como ainda tenho muito a falar, mas as palavras me escapolem quando se trata de mencionar o quão preciosa é uma loja como essa, deixarei este momento com uma poesia a qual representa o meu minuto de silêncio em reverência aos homens de boa vontade que aqui comungam.

Silêncio
Hoje, por algum motivo, eu acordei gritando
Gritava incontrolavelmente, sem saber a que ventos gritar
Gritei por minha mãe, por meu pai, por meu irmão
Gritei na cara deles, mas nenhum deles me ouviu

Passado alguns minutos, entendi que o que gritava era o meu próprio silêncio
Esse silêncio que as vezes me toma e o mundo deixa de ser parte de mim para se tornar alheio
De vez em quando o dia amanhece barulhento, cheio de idéias, cheio de ruídos inconvenientes. É ai que rezo para que o silêncio venha
Mas os dias de silêncio me sufocam, me humilham, me diminuem as idéias

Os dias de silêncio não perdoam os passos em falso
Os dias de silêncio me obstruem o escrever
As idéias não fluem, meu corpo padece
Parece que a vida sai um pouco de mim
Os dias de silêncio são tão tristes, as pessoas falam e eu não ouço

As idéias rangem ao pé do meu ouvido, mas não as compreendo
Esses dias são tão terrivelmente pacatos
Nos dias de barulho procuro o meu silêncio
Mas nos dias de silêncio procuro o grito profundo e melancólico que move minha caneta
Nos dias de barulho quero o silêncio para concatenar idéias
Nos dias de silêncio procuro tudo aquilo que fale mais alto dentro de mim

E hoje, algo entre o silêncio e o barulho me bateu a porta
Algo de doce, algo de firme, algo de inspiração, algo de amor, algo de tristeza, algo de saudade
Algo que me permite, algo que me liberta, algo que me arranha, algo de algo
Algo de verdade, algo pertinente, algo de lúcido
É onde o homem pode se encontrar por completo: um momento pobremente escasso de contradição.

Um comentário:

  1. Paulo!
    Bem-vindo ao "Prosas da Amazonia"!

    Já te falei isso, me identifico bastante com teu estilo...Parabéns!

    O espero por aqui!
    Abraços.

    ResponderExcluir