Escrever-te é entoar um hino
Celebrar a convivência
Tens um inicio calmo e fugaz
Um desenvolvimento nem tanto obvio
Nem muito belo
O fim do teu mundo é o que estremece
A vida normalmente é uma constante de pausas
Sons que se encerram
Amores que se findam
Luas que se apagam
Sois que nascem
Vidas de olhos abertos
Peitos que respiram
A minha vida sempre foi uma constante reta
Em uníssono canto de solidão
Onde o ser humano não me enche
Não me suporta
Não me completa
Não me acompanha
Os meus versos teimaram em dar-lhes um ponto final
Um fim que desse lugar a um novo começo
Um batuque novo
Um ritmo acompanhado
Em vão
Se perderão na solidão glamurosa
Inspiradora
Inconveniente
Insensata
Incapaz
E imbecil
Me foste uma virgula nisso tudo
Me és a virgula
A breve pausa de felicidade
O intervalo entre a constante solitária
Entre o poeta e o homem
Te perco agora
Deixo-te escapar-me como agua
Por entre meus dedos
Orbitei teu coração que ruge
Que berra
Que grita
Que soca
Toda a hipocrisia
Que me dá o impossível
Vejo meus olhos morrerem com tua partida
Com a angústia de olhar tuas costas me deixando
Com o sangue de esperança escorrendo em meu papel
Com o reencontro que me jubila com expectativas
Ver-me só novamente
É um suplício interminável e indeterminável
Pois nenhum outro ser
Me fez sentir parte de um todo
Como tu me fizeste
Como tu me deixaste
Eu me sinto só na multidão
Sentindo ombros vazios tocarem os meus
Corpos sem vida
Carnes andantes
Corações ambulantes
És o fantasma vivo por detrás dos meus olhos
A vida que nunca se finda
Me tornaste o verso que ganha outro verso
A palavra que sonha em se tornar estrofe
Fulminando em poesia
Ver teus olhos é sentir-me completo
A tua existência
É o meu amor
A tua partida, o meu martírio.
Fantástico!
ResponderExcluirLindo, lindo...a última estrofe foi fatal pra mim!
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