sábado, 22 de janeiro de 2011

Prelúdio da tristeza, Retorno à solidão

Escrever-te é entoar um hino

Celebrar a convivência

Tens um inicio calmo e fugaz

Um desenvolvimento nem tanto obvio

Nem muito belo

O fim do teu mundo é o que estremece


A vida normalmente é uma constante de pausas

Sons que se encerram

Amores que se findam

Luas que se apagam

Sois que nascem

Vidas de olhos abertos

Peitos que respiram


A minha vida sempre foi uma constante reta

Em uníssono canto de solidão

Onde o ser humano não me enche

Não me suporta

Não me completa

Não me acompanha


Os meus versos teimaram em dar-lhes um ponto final

Um fim que desse lugar a um novo começo

Um batuque novo

Um ritmo acompanhado

Em vão

Se perderão na solidão glamurosa

Inspiradora

Inconveniente

Insensata

Incapaz

E imbecil


Me foste uma virgula nisso tudo

Me és a virgula

A breve pausa de felicidade

O intervalo entre a constante solitária

Entre o poeta e o homem

Te perco agora

Deixo-te escapar-me como agua

Por entre meus dedos


Orbitei teu coração que ruge

Que berra

Que grita

Que soca

Toda a hipocrisia

Que me dá o impossível


Vejo meus olhos morrerem com tua partida

Com a angústia de olhar tuas costas me deixando

Com o sangue de esperança escorrendo em meu papel

Com o reencontro que me jubila com expectativas


Ver-me só novamente

É um suplício interminável e indeterminável

Pois nenhum outro ser

Me fez sentir parte de um todo

Como tu me fizeste

Como tu me deixaste


Eu me sinto só na multidão

Sentindo ombros vazios tocarem os meus

Corpos sem vida

Carnes andantes

Corações ambulantes


És o fantasma vivo por detrás dos meus olhos

A vida que nunca se finda


Me tornaste o verso que ganha outro verso

A palavra que sonha em se tornar estrofe

Fulminando em poesia


Ver teus olhos é sentir-me completo

A tua existência

É o meu amor

A tua partida, o meu martírio.

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